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bem vindo e bem vinda. este é um labirinto herege: um desafio para medir a astúcia de quem me visita; um convite à exploração sem mapas e vista desarmada. aqui todas as direções se equivalem. as datas das postagens são irrelevantes. a novidade nada tem a ver com uma linha do tempo. sua estrutura é combinatória. pode começar de onde quiser. seja de uma imagem, de um texto, de um vídeo ou mesmo de uma música. há uma infinidade de escolhas, para iniciar a exploração, para explorar esse território e para finalizá-la. aproveite.

m[A]nIf[E]stO do [A]n[A]rqUIsmO f[A]nt[Á]stIcO

o que fazer diante da indústria da imaginação? o que fazer diante do monopólio do imaterial? de dia, ou de segunda a sexta-feira, em horário comercial, militamos, fazemos nossos profundos estudos dos clássicos anarquistas e organizamos manifestações; de noite, ou nos finais de semanas, nos entretemos? dentro dessa agenda, quais seriam os momentos em que nos dedicaríamos às nossas mais profundas criações de universo? quais seriam os momentos em que nos dedicaríamos a refundar nossa gestalt e cosmos anarquistas, a refundar nossa realidade imaginativa? quando deixaremos de ser reféns da literatura, das histórias em quadrinho, dos filmes, das séries que insistem no niilismo do mais do mesmo? todo mundo está com seus interesses voltados às mesmas construções de enredos e narrativas de pseudo-neutralidade, pseudo-realismo, pseudo-imaginário. toda ficção é uma tomada de posição política. no gods, no masters! pois, alienar-se é deixar que o niilismo conveniente das histórias fantásticas de visão nostálgica de uma sociedade ocidental idealizada ocupe nossa imaginação. ah... que nossas ideias voltem a ser perigosas? não, nós é que devemos ser o próprio perigo. pois não deixaremos aberta uma brecha sequer para que consigam nos impedir de vivermos a anarquia que queremos agora! se nosso realismo é anarquista, que nosso anarquismo também seja fantástico!


m[A]nIf[E]stO do
[A]n[A]rqUIsmO f[A]nt[Á]stIcO
l[É]O.pim[E]nt[E]l:|:[A]m[A]nt[E]d[A]h[E]r[E]si[A]:|:2016 

[*imagem: “[A]n[A]rqU!smO f[A]nt[Á]st!cO está chamando”]


1. a anarquia é pré e pós anarquismo; é ancestral e futurista; nossxs antepassadxs se realizaram nela e em breve seremos antepassadxs realizadxs deste mesmo modo. assim, como serão, antepassadas anarquistas, as pessoas do futuro.

2. a anarquia é nadir e zênite; nosso horizonte cíclico, ao mesmo tempo projetado sob nossos pés e acima de nossas cabeças. que se insurge de modo não linear para além da racionalidade moderna – nossa racionalidade é pré e pós histórica.

3. nosso realismo está em rebeldia e, por isso é tão distópico para ativistas do realismo conformista.

4. acredita-se demasiadamente na normalidade, ou pior! fazem da “normalidade” um espaço demasiado de crenças.

5. somos compas do curupira. pequeno black bloc peludo das florestas que compartilha o fogo de seus cabelos rubros para acendermos nossos molotovs. eis a chama de nosso iluminismo!

6. iara, nossa trans ancestral, que nascera ipupiara, homem-peixe, e tornara mãe-d’água para nos ensinar a guerrear com a tática de guerrilha da beleza e dos encantos da sedução. eis o nosso “renascimento”!

7. conosco, o saci abandonou seu gorro vermelho. hoje seu gorro é preto. com ele aprendemos a saltamos juntxs por sobre as fronteiras e nacionalismos. com ele aprendemos a sabotar a indústria farmacêutica e suas patentes. eis os nossos ideais progressistas!

8. mineração e agronegócio destroem os espíritos do solo e do subsolo. no entanto, contra este desenvolvimentismo predatório, temos como aliado um mapinguari ciborgue criado a partir da natureza tentando se reerguer sobre o lixo tecnológico jogado sobre ela. eis nossa tecnologia e cibernética!

9. um continente inteiro construído sobre cemitérios indígenas; assim, nós, poltergeists, insurgimos! tais nações jamais dormirão! as faíscas de nossas manifestações, as chuvas de pedras, o aparecimento e desaparecimento de seus amados objetos, nossos barulhos, nossa pirogenia e luzes os assombrarão enquanto existirem!

10. temos festas de inspiração kuarupiana. nelas, nossxs mortxs são representadxs no lixo espacial que retorna à terra. dançamos em volta de todo o fogo que ateamos nas forças policiais primordiais. homenageamos as memórias de nossxs mortxs em atos vandalistas místicos. também temos uma luta de inspiração huca-huqueana.

11. utilizamos um tipo de patuá cujo equivalente ao orixá específico para cada um/a de nós é um tipo de anarquismo. o carregamos ora bordado em nossas vestimentas, ora estampado, ora tatuado em nossos corpos. também o distribuímos em adesivos, zines, panfletos e broches. ou simplesmente o pixamos com o intuito de abençoar ou de amaldiçoar o local.

12. ocupamos o fantástico, o maravilhoso e o mágico. federalizamos o fantástico, o maravilhoso e o mágico. pirateamos o fantástico, o maravilhoso e o mágico. hackeamos o fantástico, o maravilhoso e o mágico.

13. a imaginação anárquica e libertária “é, antes de tudo, uma fato social”. a imaginação anárquica e libertária “de cada pessoa”, independente de sua localização no espaço e no tempo, expande “a minha ao infinito”.
 

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quando falamos "eu penso que...", quem será que escondendo? a voz do pai? da mãe? dos/as professores/as? padres? policiais? da moral burguesa ou proletária? ou as idéias de alguém que já lemos? escutamos? ou...
 
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