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bem vindo e bem vinda. este é um labirinto herege: um desafio para medir a astúcia de quem me visita; um convite à exploração sem mapas e vista desarmada. aqui todas as direções se equivalem. as datas das postagens são irrelevantes. a novidade nada tem a ver com uma linha do tempo. sua estrutura é combinatória. pode começar de onde quiser. seja de uma imagem, de um texto, de um vídeo ou mesmo de uma música. há uma infinidade de escolhas, para iniciar a exploração, para explorar esse território e para finalizá-la. aproveite.

pensar e função social - uma inimizade



pensar realmente dói? causa sofrimento para pensantes? porque a insistência em grupos de pesquisas, de estudos, de discussão, etc.? são grupos de autoajuda? de apoio mútuo entre sofridos e sofridas? ou, é impossível pensar só? ou ainda, há um dever de se pensar coletivamente? o que significa isso? controle para a permanência social? no momento não importam as perguntas "de onde vem" e "para onde vai", o que importa é que pensar certamente é virtualmente um inimigo da cultura! 

6.
diferença: cumprir uma função social é radicalmente distinto de ser uma. o cumprimento é antes de tudo algo pré-estabelecido. algo estratégico e tático para a defesa desta ou daquela sociedade. já ser função social é um trazer novidades que não ameace a sociedade em questão. uma é instrumento e manutenção, outra é permanência indefinidamente no tempo, duração. pensar não é uma nem outra. se pintada como visão de mundo, é tornar-se cumprimento funcional. se pintada como reflexão, é tornar-se propriamente funcionalidade. ambas uma declaração de guerra contra a nudez, a crueza e a selvageria que é pensar – portanto, que é não-ser. 

7.
um preconceito comum: filósofos/as pensam! preconceito por concebê-los/as previamente como algo maior que uma função social; por concebê-los/as, não só como cumpridores/as de uma função social qualquer, mas como a mais elevada das funções humanas! comum por elegê-los/as como como preocupações universais e compromissos com a verdade. ah, quantos/as filósofos/as não são estratégias nem duração de uma sociedade? quantos/as filósofos/as se identificam com seus pensamentos de forma nua, crua e selvagem? e a filosofia? cumpre ou é uma função social? desloquemos novamente: um filósofo ou uma filósofa cumpre ou são uma função social? ardilosamente em fuga do social para a humanidade. caso contrário, não teríamos uma história de 25 séculos de ressuscitar mortos/as na tentativa de trazê-los/as ao ser; de elevá-los da condição de não-seres, existências fugidias, efêmeras, finitas e cambiantes como pensar, para a condição de seres, desejo de imortalidade, de eternidade e de imortalidade como os cumprimentos e as funções sociais. 

8.
um interessante exercício da inimizade entre pensar e função social são os jogos e festivais do povo kaxinawa (indígenas do leste peruano): aquilo que será negado, e logo abandonado, é primeiro encenado. inimizade pela mimese (damiain – brincar com inversões): tornar-se temporariamente a alteridade onde não há distância entre o olhar e a participação – sempre corpo presente. sendo assim, se encenado o pensar, um pensamento somente pode ser gerado por um corpo pensante. quando este está doente ou enfraquecido o pensamento é visto como algo independente. como um vírus à solta que deve ser reintegrado ao corpo como anticorpo. pensar é morar no corpo e, se concretiza enquanto pensamento, apenas por meio dele. pensar é ser corpo-pessoa, em todo o seu ridículo, patético e grotesto. pensar é ser corpo-pessoa em seu aumento hiperbólico, como nos jogos e festivais kaxinawa. pensar não é nenhum comportamento divino. é risível, escatológico, erótico e obsceno. só se pensa por desmedida – como no puinkimei (provocação masculina dirigida às mulheres onde se mostra a bunda), no xebi itxa (homens insultam a vagina) e no hina itxa (mulheres insultam o pênis). caso contrário, se cumpri ou se é função social.

léo pimentel - 2011

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