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bem vindo e bem vinda. este é um labirinto herege: um desafio para medir a astúcia de quem me visita; um convite à exploração sem mapas e vista desarmada. aqui todas as direções se equivalem. as datas das postagens são irrelevantes. a novidade nada tem a ver com uma linha do tempo. sua estrutura é combinatória. pode começar de onde quiser. seja de uma imagem, de um texto, de um vídeo ou mesmo de uma música. há uma infinidade de escolhas, para iniciar a exploração, para explorar esse território e para finalizá-la. aproveite.

a fermentação da tragédia proveniente da embriaguez na cauinagem


introdução, ou ingestão: como era gostoso o meu alemão

em minha guerra contra a europeidade moderna e cristã, há muito deixei de ser um realista acomodado, para correr os riscos de ser um guerreiro indígena, arcaico e desconhecedor de deus e de outros ídolos. minha declaração de guerra nada tem a ver com hierarquia de exércitos ou belicismos – ambas expressões mesquinhas. minha guerra é a inútil luta trágica contra o patético estrutural que é o existir. guerreiro trágico ôntico inutilmente lançado contra o cômico ontológico. nesta inutilidade, fui a busca daquele que poderia me colocar dentro da europa, para que, eu pudesse travar minha guerra e retomar de assalto tudo o que me interessasse – como o belíssimo manto tupinambá, por exemplo. escolhi, então, cuidadosamente o aliado. no entanto, eu não poderia escolher qualquer um, pois este deveria saber que, ao final de sua ajuda, eu o devoraria para absolver toda a sua vitalidade e coragem. o aliado deveria saber que eu apenas o usaria para fins culinários. o que decidiu minha escolha foi uma mensagem lançada ao futuro, por um homem que há muito nasceu póstumo. sua mensagem foi a seguinte: “sê ao menos meu inimigo!”. “deve-se, no amigo, honrar ainda o inimigo. podes acercar-te de teu amigo sem passar para o seu lado? no amigo, deve-se ter o melhor inimigo. deves com o coração estar mais próximo dele, quando a ele te opões.” – assim falou zaratustra, “dos amigos” (f, nietzsche). ahá! eis o homem! meu melhor inimigo a ser devorado! que assim seja! a crônica de vingança a seguir é uma digestão de proteína à proteína, uma reescrita digerida e defecada do texto desse saboroso alemão friedrich nietzsch regada à muito cauin: “o nascimento da tragédia no espírito da música”  (die geburt der tragödie aus dem geiste der musik, 1872). bom apetite e boa bebedeira!

léo pimentel
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vocabulário:

cauinagem: cerimonia indígena dedicada à obtenção da embriaguez mediante a beberagem do cauin. realizada em rituais antropofágicos, em rituais de passagem da juventude à fase adulta, em casamentos, funerais, e outros.

cauin: bebida alcóolica obtida da fermentação por insalivação da mandioca ou do milho.

estética da crueldade: a erotização com algo em toda sua crueza, sem que este tenha sido previamente estetizado.

fermentação por insalivação: técnica indígena de fermentação onde mulheres indígenas mascam a mandioca ou o milho e suas salivas servem como elemento fermentador.

natumortaleza: o mesmo princípio que nos gera, também nos mata. (julio cabrera).

nonombziá: herói demiurgo, herói criador da tradição do povo jabuti, nascido de uma fecundação mágica – sua mãe tem um filho e imediatamente fica grávida novamente – nasce enquanto sua mãe morre. os urubus vêm comer o cadáver da mãe e o levam para o céu. o herói rouba uma das vestimentas-personas (capa de penas que os urubus usam para voar) e foge do céu com todo o conhecimento da cultura.

regime etílico: modo como se trata culturalmente a bebida alcóolica. o lugar em que esta ocupa na cultura.

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a fermentação da tragédia

1.
daremos um salto qualitativo importantíssimo no agir político ao chegarmos, não só à compreensão lógica, mas ao embriagante conhecimento de que a qualificação dos feitos está ligada à estética da crueldade, de maneira que esta se torna uma erótica. assim, indo em direção a uma política onde tanto a ética quanto a estética, ambas cruas, portanto cruéis, tornam-se erótica – fermentada por insalivação. a bela escuridão da noite, onde brilha a cauinagem em sua festa, antropofagia e bebedeira, todo um mundo de sonho, de guerra não belicosa e de conquista tupinambá do revolver da vida, em cuja realização homens, mulheres e crianças são eróticos perfeitos em sua embriaguez, é a condição de existência para todo o agir político, e também de parte crucial da autodeterminação.

2.
até aqui vamos considerar o momento civilizatório e seu contraste, a cauinagem, como forças eróticas e patéticas que emergem da existência sem medição afirmativa do agir humano, e nas quais se contentam, por enquanto e de modo direto os seus impulsos embriagantes, por um lado como mundo configurado pelas crônicas de vingança, de inimigos devorados e de crânios estraçalhados, pelos sonhos de guerra, não como belicosidade, mas sim como devir histórico, por outro lado como verdade embriagadora de que não se tem conhecimento nem de deuses, nem de ídolos, apenas poligamia, canibalismo, nudez e bebedeiras.

3.
para que possamos compreender esta estética da crueldade que se torna erótica, portanto base de todo nosso agir político devemos tirar, uma por uma, as aversões litúrgicas ocidentais à fermentação por insalivação. é preciso positivar esta. é preciso levar ao status filosófico o apodrecer – como o fizeram os/as tupinambá e os/as asuriní. o apodrecer pela fermentação por insalivação é privilegiado por ser a chave de nossa relação para com o mundo mortunatural, relação esta que sempre se apresenta como predação. é na fermentação exatamente que se encontra uma espécie de “pureza” da condição humana. no fermentado, a exemplo do cauim, não se tem apenas uma busca pelo lúdico da embriaguez, mas um construir, destruir e reconstruir cotidianamente nossa humanidade.

4.
por mais certas que nos pareçam as metas de vida “civilizada” e a de vida pela cauinagem, a parte desperta e a parte adormecida, a primeira como a mais preferida, mais digna e importante do agir político, como a mais merecedora de ser vivida e mesmo considerada como a única a ser vivida, quero eu, apesar de toda aparência de paradoxo e lutas contínuas em com reconciliações somente periódicas, sustentar que não há nenhum misterioso fundo em nosso ser, cuja manifestação somos, a valorização contrária da cauinagem.
5.
agora estamos em frente ao como de minha investigação, que tende ao conhecimento da erótica, ou da estética da crueldade e de seu agir político, pelo menos à compreensão, cheia de embriaguez, daquela falta de mistério. as fontes da existência sempre podem estar contaminadas ou impróprias para a vida positivada – no entanto, eis o vácuo existencial. não há fonte alguma! é neste acaso que procuramos substitutos para essa falta de fonte.

6.
o que é porém, a cauinagem tupinambá e de outros povos em comparação à epopeia atual da europa e dos estados unidos da américa totalmente civilizada? a cauinagem é para mim, inicialmente, um espelho embriagado do mundo, como uma festa original, fermentada.

7.
convidemos para nossa cauinagem todos os princípios fermentados por insalivação até o momento. tomemos que a fermentação da tragédia não possa ser explicada nem pela consideração da inteligência guerreira tupinambá, nem da perspectiva de quem pode se entregar às festas da cauinagem como civilizado de segunda ordem – ser já brasileiro. na bebedeira selvagem se consola uma etnogênesis profunda, o único apto para todas as dores, sejam elas as mais suaves, sejam elas as mais cruéis, que com a dança, com a antropofagia e com a narrativa embriagada fitou o terrível, por ser patético, impulso de destruição do que se chama história mundial. da mesma forma perceptiva que fita-se a crueza da natumortaleza, encontrando-se em perigo constante de ansiar por uma moral afirmativa do viver.

8.
tanto o tupinambá quanto o filósofo trágico ocidental são um anseio dirigido à embriaguez e à natumortaleza. a constituição posterior de fermentadores da tragédia é a atualização cotidiana dos mitos em que a fermentação por insalivação é a origem da cultura. como no mito jabuti do roubo do feijão e do milho por nonombziá, ou na mitologia asuriní, do pará brasileiro, onde são os urubus, por serem animais carniceiros, que ocupam a posição de dono original do fogo (onde um homem teve de se casar com personagem feminina urubu para se ter acesso à cultura). tal atualização tornou-se necessária. a fermentação destes que atualizam é condição de todo conhecimento trágico e patético, símbolo de todos os povos embriagados na cauinagem.

9.
tudo o que chega até a pele civilizada da embriaguez, no regime etílico ocidental cristão, ou na falta dele no islamismo, se apresenta-nos como algo simples, transparente e belo. a vida como algo não trágico e não patético.

10.
o trágico e o patético da cauinagem tinha por assunto, em sua forma mais primordial de destruição, construção e reconstrução cotidiana de sua humanidade, o devir histórico de guerrear, devorar inimigos e morrer. o sofrimento virtual, líquido e espumante dos tupinambás era a própria loucura da liberdade. só há liberdade, ou esta só é possível, se louca! todo sofrimento de guerreiros e heróis vivificado na cauinagem era a busca louca pelo aligeiramento e leveza do corpo, embriagar-se com o máximo de cauín possível e logo vomitar, é o escapar da tragédia e da comédia da humanidade em sua condição temporal, e não em sua essência ou em sua natumortaleza. da fermentação faz-se memória e cultura num jogo de soma zero: todos os seres no mundo exercem uma predação generalizada; todos buscam sua cota finita de substância vital existente no cosmos.

11.
a cauinagem geradora da estética de crueldade e da erótica como agir político pereceu diferentemente de todas as outras espécies de embriaguez irmãs (as órguias helênicas e as bacchanalias romanas), contemporâneas à ela; a cauinagem pereceu como suicídio da parte feminina da comunidade, isto em virtude de um conflito insolúvel, a misoginia e a temperança dos missionários cristãos aliadas a parte masculina da comunidade representadas pelo xamã e seu tabaco. isto quer dizer que morreu tragicamente; enquanto que todas aquelas irmãs morreram pateticamente em idade avançada, sofrendo a morte mais calma e mais agradável possível.

12.
retirada a loucura e a embriaguez da liberdade e reedifica-la em termos puros, lógicos e novos, sobre a base do agir político, do realizar estético da crueldade e da erótica do mundo sem a cauinagem nos revela como claridade ofuscante. a predação humana deixa de ser o devir histórico e torna-se belicosidade inteligível. torna-se um agir político não-erótico e bélico. com uma estética higienizada e uma ética afirmativa a fim de ser uma predação bela e justificável.

13.
desenvolvimentismo e cristianismo, adversários do agir político erótico e embriagado da estética da crueldade da cauinagem. o cristo moribundo tornou-se ideal novo, nunca dantes visto por pindorama, dos novos convertidos (indígenas catequisados) e da nobre juventude colonizadora. o brasileiro, jovem povo mameluco, prostrou-se, diante toda a europa, com toda a dedicação fervorosa de sua sensibilidade à concessão de honrarias por parte dos europeus, ante o desenvolvimentismo.

14.
imaginemos agora o grande olho ciclópico de cristo sobreposto ao do desenvolvimentismo voltado para a cauinagem, aquele “olho da providência” no qual seu brilho é a inteligibilidade absoluta, no qual jamais brilhou a embriagada loucura de arrebatamento erótico. a veria como algo muito primitivo, selvagem, irracional e imoral em seu esquematismo lógico, ora maniqueísta, ora dialético, cristalizou-se a tendência civilizatória.

15.
na picada destas últimas interrogações, cheias de embriaguez cruel, deve-se desocultar agora como se estendeu a influência colonial/civilizatória/moderna até o presente momento, e, mais ainda, por todo o futuro, semelhante a uma aurora ofuscante à bela escuridão da noite em que se teve uma grandiosa cauinagem, que aumenta a intensidade do brilho, pela posteridade, como a mesma obriga sempre novamente a obrigação do trabalho e da produtividade: no entanto acabam por morder o próprio rabo – então abre caminho na mata a nova forma de conhecimento, o conhecimento trágico e patético que, para poder ser suportado, necessita de um novo regime etílico como defesa e sanativo: a cerveja nas partidas de futebol e no churrasco – símbolo da vitória do fator masculino europeu na guerra contra a expansão da consciência e dos sentido e contra a liberdade e o riso permitidos pela ebriedade – fator feminino indígena.

16.
procurei mostrar, mediante a situação histórica da guerra da colonização contra a loucura da liberdade, que a erótica enquanto estética da crueldade do agir político morre pelo desaparecimento da embriaguez pela cauinagem, com a mesma certeza com que a liberdade somente pode nascer por intermédio da mesma embriaguez louca. não é possível deduzir do agir político a erótica da estética da crueldade, segundo categorias lógicas, estéticas ou éticas afirmativas, a cauniagem vivencialmente se deseja agir; só se deduzirmos da loucura da liberdade é que entendemos a alegria na destruição do indivíduo (guerra não bélica, vinganças e inimigos devorados) como o próprio devir histórico humano.

17.
todo agir político da erótica estética da crueldade deseja convencer-nos da eterna tragédia e comédia da existência, não devemos, entretanto, procurar tal trágico sem o tal patético nos fenômenos, mas sim ambas íntegras atrás dos fenômenos. devemos reconhecer que tudo aquilo que existe está em dolorosa imersão, assim vemo-nos na obrigação de encarar os males e os tropeços da existência individual – e apesar disso não nos devemos sóbrios; um consolo ébrio metafísico tira-nos apenas momentaneamente do apodrecimento, ou do deixar apodrecer, ou do apodrecer pela fermentação por insalivação de nossas vidas. a luta, a dor, a destruição, o cômico dos fenômenos e o devorar o inimigo nos apresentam como necessárias, em vista das reduções e asujeitamentos de inúmeras formas de existências, que se apresentam para tomar status de vida em si mesma, como a única digna de ser vivida, em virtude da fermentação demasiada da loucura da liberdade.

18.
toda a brasilidade está contida na rede da cultura cristã e desenvolvimentista e conhece como ideal o homem sóbrio, moderno, trabalhador e teórico. tal cultura necessita da classe de todo tipo de subalternos para poder subsistir – de escravos/as cínicos/as, trabalhadores/as resignados/as, “minorias” e “vulneráveis”; mas ela nega, em sua concepção afirmativa da vida e otimista da existência, a necessidade de tais subalternos/as com políticas públicas e belas palavras sedutoras e tranquilizantes como “dignidade humana”, “direitos humanos” e “trabalho digno”.

19.
é impossível desenhar com pinceladas mais vibrantes o conteúdo mais ocultado dessa cultura brasileira do que ao mostra-la enquanto cultura da ordem e do progresso. a ordem e o progresso estão edificados sobre princípios iguais à cultura da colonização cristã e desenvolvimentista moderna da europa à época do “descobrimento” e da colonização. a ordem e o progresso é o nascimento do/a brasileiro/a sóbrio/a, moderno/a, trabalhador/a e teórico/a, da mestiçagem pacífica, não do resultado trágico e patético do choque entre culturas. um dos fatos mais estranhos nesse ordenamento progressista é que ambos se tornam um prazer cômodo em uma verdade terrível, cômica e dolorosa.

20.
deveria se julgar uma vez, sob a supervisão de ancião das aldeias, de velhos guerreiros de “corpos riscados” (que já mataram e devoraram seus inimigos) e de velhas “feiticeiras” (fabricado muita bebida fermentada mascando mandioca e milho), em que época em que pessoas têm lutado com maior coragem e embriaguez a brasilidade para aprender com as cerimônias etílicas indígenas; devemos, entretanto, acrescentar que desde a época das cauinagens e desde as primeiras influências daquelas bebedeiras insurgentes, o esforço, a jihad como dizem os árabes, para alcançar numa mesma perspectiva os tupinambá, os tiriyó, os kaingang, os araras, os piro, os asuriní, os arapuim e suas respectivas culturas, se tornou incompreensivelmente mais fraco, débil e moribundo.

21.
somente pode ter-se aprendido das cerimônias etílicas indígenas o que representa o alcance de um insurgente embriagar excessivo para fundamento mais interno de um povo. o povo que necessita do cauin como bebida edificante. o cauin absorve o supremo orgasmo festivo. no entanto, a cauinagem falando a linguagem insurgente de mestiços/as e mestiços/as falando a linguagem edificante da cauinagem, consegue-se o fim mais elevado do agir político e da estética da crueldade em geral – erótica como fundamento da política.

22.
a estética da crueldade pode, somente, ser entendida como erotização de sabedoria embriagante por meios políticos indiginizados; conduz o mundo da vida (o quotidiano) aos limites, onde ele se nega a si mesmo como embriagante, procurando refugiar-se novamente no seio da realidade civilizada e sóbria. assim apresenta-nos o próprio agir político em seu imenso impulso erótico que devora todo este mundo ordenado, para depois, e por sua destruição gastronômica e ébria fazer atual, seu sistema cultural, nas festas e rituais regados ao cauin. imensa alegria louca no seio da embriaguez insurgente. assim com a fermentação da tragédia, fermenta-se também o patético, no lugar do qual costumava está enraizado, a brasilidade européia, um estranho quidproquo, com exigências semi-morais e semi-civilizadas: o/a brasileiro/a seguro/a de si.

23.
quem quiser fazer um autoexame, para verificar se pertence ao erotismo do agir político da estética da crueldade, ou à sociedade dos/as semi-morais e semi-civilizados/as, deve interrogar-se sobre o modo como se embriaga em uma festejo. se festejares como um ser sóbrio e abstrato, não conduzido ao estado de irrupção que uma festa deve se apresentar diante do cotidiano, de datas abstratas comemorativas, de obrigação da compra de presentes e de festas cuja função é de puro entretenimento e que nada desvia da necessidade de se voltar ao trabalho. e quando o brasileiro e a brasileira procurar um/a guia que com ele e/ou ela retorne à pindorama há muito destruída, e cujas picadas e trilhas, nem mais se conhece – então o/a brasileiro/a deve atentar ao chamado do guará-piranga (pássaro-vermelho), que embala acima de sua cabeça e de suas penas tece-se um belíssimo manto para cuja dádiva é a força de todo o cosmo, e que deseja mostrar-lhe o caminho certo.

24.
eis o momento que se torna necessário entrarmos com impulso destemido numa estética da crueldade, erótica do agir político, repetindo a festa da cauinagem onde a existência e o mundo são uma e mesma predação generalizada, sentido no qual justamente as crônicas de guerra, de vingança e a devora dos inimigos nos deve convencer de que o trágico e o patético representam um jogo sem sentido, ao acaso e inútil, que a embriaguez, na eterna plenitude de seu gozo, joga tal jogo consigo mesma. para avaliar bem a loucura da liberdade de um povo, deveríamos pensar não só nas narrativas, cerimoniais e festas desse povo, no modo de fruem a embriaguez deste, como testemunha segunda daquela capacidade, mas sim como recusam outros modos de se embriagar. é preciso o negativo e a recusa em toda a sua gradação.

25.
embriaguez e agir político são expressões idênticas da capacidade da loucura da liberdade de um povo; ambos são originários de uma estética cuja erótica é crua e fermentada, que se encontra além do desenvolvimentismo e de qualquer ordenamento progressista, seja material ou imaterial como no caso do cristianismo. fermentação de onde se elevam tão impetuosamente as forças do cauin, como é por nós presenciada (fundamento da crueza estética e do apodrecimento metafísico), já deve ter se embriagado o inimigo a ser devorado, envolto em uma insalivação, e seus mais exuberantes feitos de coragem e força serão admirados, saboreados, provavelmente, pelas gerações futuras. que este efeito da embriaguez e o de ser digerido, porém, é altamente necessário, poderia ser experimentado por cada um e por cada uma de nós, com a maior segurança e honra, através da intuição, se alguma vez se sentisse, embora em sonhos, transportado/a à insalivação e à bebedeira insurgente e restauradora da humanidade em seu devir histórico das cauinagens dos tupinambá e outros povos de regimes etílicos semelhantes.

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